Minhas maiores dúvidas no audiovisual
Você já parou para pensar por que cortar um vídeo em um determinado momento? Será que editores profissionais fazem cortes com alguma intenção em mente? Existe regra para cortar um vídeo/filme? Ou se tratando de filmagem, você sabe fazer uma boa composição? Você sabe quais são os elementos de uma composição?
Bom não sei vocês mas depois de 3 anos editando direto, eu passei a me perguntar sobre o que motivava os cortes, será que eu tava editando direito? Por que minhas edições não eram tão boas quanto de outras pessoas que eu via na internet? bom é aí que entra o livro de Walter Murch.
Para quem não sabe eu sou fomado em Cinema e Audiovisual pela ESPM-Rio e todo ano havia eventos na faculdade onde eles traziam profissionais da área para falar sobre suas profissões e em um desses eventos, um dos diretores de videoclipes que se apresentou lá recomendou o livro “Num piscar de Olhos. A edição de Filmes sob a ótica de um mestre”, na época eu anotei o nome do livro no celular e só comprei mesmo um ou dois anos depois quando as perguntas acima começaram a me incomodar, afinal eu já dominava as ferramentas, na época eu usava o adobe premiere, hoje eu uso tanto o final cut quando o Davince Resolve e saber as ferramentas não era mais o problema mas o que me perturbava era se eu tava editando direito.
Bom o livro Num piscar de olhos realmente é muito interessante para quem é editor de vídeo, porque além de conhecer algumas histórias por trás da edição de alguns filmes, ele de fato enumera uma hierarquia para fazer os cortes. Com a internet, nos preocupamos de mais em aprender a ferramenta e esquecemos que no audiovisual tudo é feito de propósito, sim sempre há um motivo para que os elementos estejam em quadro como na edição também. Ouvimos muito que edição é contar histórias que audiovisual em geral é sobre contar histórias, no entanto a forma que você vai contar essa história como editor de vídeo deve em primeiro lugar ser motivada pela emoção como enumera o autor. Aliás o autor cita uma regra de seis elementos onde são consideradas coisas que eu nunca ouvi falar como alvo da imagem, plano bidimensional da tela e espaço tridimensional da ação, ele explica cada coisa e novamente coloca a emoção como primeiro motivo ao se fazer um corte e em seguida vem outros elementos. Enfim editar é muito mais que apenas usar uma ferramente de edição sem propósito, por trás de todo projeto audiovisual independente do setor, seus elementos são sempre motivados para estarem ali e a edição não é diferente, compreender os elementos por tras de uma boa edição e dar prioridade para certos elementos é o que vai distinguir um bom filme de outro.
Se você quer saber mais sobre esse livro escrito pelo Vencedor do Oscar por Apocalipse Now e O paciente inglês clique aqui. (fazendo isso você também está ajudando o site a se manter e eu te agradeço muito por isso.)
Se por um lado saber onde e porque cortar me deixou mais tranquilo com o que eu faço, entender mais sobre composição também era um dos problemas que eu queria resolver, afinal audiovisual não é só pegar uma camera e filmar, há sempre intenção por trás de cada plano.
Linguagem de Composição
“linhas, formas, massas e movimentos são os elementos de composição que falam uma linguagem universal que provoca reações similares em quase todo espectador” Trecho retirado do livro “Os Cinco Cs da Cinematografia” O livro muito elogiado na internet fala sobre cinematografia a fundo como você dificilmente verá por aí. Os 5 Cs são:
- Camera: Ângulos
- Continuidade
- Corte
- Closes
- Composição
O livro muito bem ilustrado e denso em conteúdo técnico, nos mostra conceitos em prática através das imagens, por exemplo, em uma foto onde tem vários aviadores planejando um voo, o autor explica que o agrupamento curvo deles no plano tende a manter os olhos do espectadores focados no mapa que tem na cena, ou em uma outra cena onde tem uma foto de uma estrada em uma composição feita de linhas diagonais paralelas, ele explica que a forma como esse enquadramento foi feito comunica ação e energia. Ta vendo como cinematografia realmente é muito bem pensada antes das filmagens?! Não é só ter uma camera na mão e filmar(ou é dependendo do trabalho a ser feito) mas para quem quer melhor seus takes e saber como posicionar a camera e fazer imagens que comunicam muito mais ao espectador ou para quem é ou quer ser diretor de fotografia, tem muito a ser estudado e esse livro nos mostra isso.
É incrível como há tanta bagagem de conhecimento técnico por trás de belas imagens do cinema e a gente aqui meros mortais, achando que é só fazer color grading na pós que teremos imagens cinematográficas, quando na verdade cada movimento de câmera, posicionamento dos elementos de cena e até mesmo a posição dos movimentos dos braços dos atores influenciam na direção do olhar e nos significados que aquela imagem quer passar, isso sim é imagem cinematográfica, uma imagem que nos faz sentir algo através da composição planejada.
O que aprendemos com esses dois livros?
Que fazer vídeo ou filme é muito mais que contar histórias, mas é conduzi-las através da emoção com a edição e com imagens que são compostas de maneira artistica, imaginativa e inteligente. Nós como videomakers somos mais que contadores de histórias, somos transformadores do ânimo das pessoas.
As pessoas assistem algo para terem algum tipo de transformação, seja para rir, chorar, ter medo, aprender. Quando você vê um meme na internet você quer rir, quando você ve um documentário por mais que você queira aprender sobre algo, você também quer sentir algum tipo de emoção enquanto assiste aquilo. A emoção é a chave de tudo.
Somos contadores de história onde nossa missão é conduzir a emoção dos espectadores neste processo. Marins, Pedro.
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